China almeja liderança na atividade portuária da América Latina

No âmbito do projeto estratégico da Nova Rota da Seda (OBOR, sigla em inglês) (ver Boletim de Notícia Pontes), a estatal China Merchants Port informou a aquisição do Terminal Portuário de Paranaguá (TCP), no Sul do Brasil. O maior grupo portuário da China – e um dos maiores do mundo – adquiriu 90% da participação do terminal portuário de Paranaguá, destino de um a cada quatro contêineres no comércio entre Brasil e China. Com a compra, a empresa chinesa busca posicionar-se como líder na atividade portuária da América Latina.
Segundo Lu Yongxin, vice-presidente da empresa chinesa, o investimento na compra do terminal brasileiro é o primeiro em um porto latino-americano e faz parte da iniciativa Cooperação Chinesa das Estradas e Pontes (CRBC, sigla em inglês), lançada por Beijing há cinco anos. Yongxin também comentou que a empresa trabalhará para fazer do TCP uma das principais plataformas de negócios entre Brasil e China.
Iniciada em 2013, a iniciativa CRBC é um gigantesco projeto estratégico desenvolvido pela China para construir uma nova plataforma de cooperação internacional e novos mecanismos de crescimento. O plano chinês baseia-se em cinco pilares: coordenação de políticas; ligação de infraestruturas e instalações; eliminação de obstáculos ao comércio; integração financeira; e reforço dos laços de amizade entre os povos.
Para Luiz Antonio Alves, CEO da TCP, o terminal em Paranaguá possui tudo para desenvolver ainda mais a relação comercial sino-brasileira. O terminal apresenta movimentação anual de 1,5 a 2,4 milhões de contêineres, que têm como destino principal o país asiático. Segundo Luiz Teixeira, diretor de operações da Autoridade Portuária de Paranaguá (APPA), o porto mobilizou 51,5 milhões de toneladas em 2017. Teixeira estima um crescimento de 2% nesse volume em 2018.
A aquisição do terminal portuário brasileiro não é a única aposta da China sob a CRBC na região sul-americana. Há também a escolha da Argentina como parceiro preferencial da China, o que leva à necessidade de modernizar a infraestrutura do país sul-americano. Para Ernesto Fernández Taboada, diretor-executivo da Câmara de Produção, Indústria, Comércio e Diálogo Argentina-China, a CRBC tem sido exitosa no estabelecimento de relações ligadas ao tema da infraestrutura com países de outras regiões e pode alcançar maior relevância para as relações bilaterais Argentina-China, que ainda não atingiram seu nível máximo.
Entre os investimentos da China em infraestrutura que têm se multiplicado na Argentina, destacam-se: barragens hidrelétricas no Sul do país para atualizar sua matriz energética; projetos de valorização do transporte ferroviário de passageiros na cidade de Buenos Aires e sua periferia; modernização do trem de carga que atravessa as províncias agroexportadoras do Norte; e o financiamento com tecnologia para desenvolver painéis solares para substituir combustíveis fósseis por energias alternativas no Noroeste.
Reportagem ICTSD
Fontes consultadas:
Marco Trade News. La Ruta de la Seda China contribuirá a la actualización de infraestructura en Argentina. (05/09/2018). Acesso em: 11/09/2018.
_____. China busca liderazgo en América Latina con la adquisición de puerto brasileño. (04/09/2018). Acesso em: 11/09/2018.